Liona Boyd - The Best of
Tim Maia, nos idos do século passado, nos acalentava os ouvidos, cantando: “Em fevereiro, tem carnaval, tem carnaval”. E eis que o tal festivo e carnavalesco mês se finda. Ou melhor: está em vias de acabar. Afinal, não é todo ano que temos tal honra e mérito de passar por um vinte e nove de fevereiro. Aos que neste dia festejam a vinda ao mundo, meus sinceros parabéns. Bem sei que andei a demorar em vos escrever, meus caríssimos e estimados leitores. O fato é que minha conexão com a Internet andou um tanto quanto temperamental. Assim, não pude sequer acessar coisa alguma, no mês que agora se finda, pela extravagância desses nossos adventos tecnicistas – e como, afinal, viver sem eles? De qualquer modo, volto agora, mais do que nunca, renovado em termos tecnocráticos e virtuais. Esperemos, pois, que tais infelicidades “internéticas” fiquem longe de nossas vistas por um bom e longo tempo.
Pois bem. Eis que vos trago uma violonista um tanto quanto intrigante e, na falta de melhor epíteto, absolutamente fascinante. Sim, como puderam perceber pelo catafórico artigo, trata-se de uma violonista. E seu nome é Liona Boyd. Certamente, os mais jovens não a conhecem ou sequer dela já ouviram falar. Pudera: Boyd nasceu ao começo da década de 50 do século passado. Teve seu auge em meados da década de 70 em diante. E tornou-se praticamente desconhecida, ao menos para boa parte dos novos violonistas brasileiros, na década de 90. E eis que pretendemos, hoje, modificar um pouco as coisas. Ao mínimo, tem-se a tenção de rememorar tal importante e emérita violonista. E eis, pois, que isso encetamos.
A história da família de Boyd pode ser familiar a diversos leitores, haja vista que a diversidade e multivocidade cultural de nosso país é incomensurável. Em verdade, os pais de Boyd provêm de diferentes porções da Espanha (aliás, a mãe de Liona é de Linares, cidade do preexcelente Segóvia) e ela acabou nascendo em Londres e mudando-se, ainda mui jovem, para o Canadá. Realmente, uma globalização e tanto! O fato é que quando contava catorze anos, Liona teve o privilégio e o desmesurado prazer de assistir a um recital do estupendo Julian Bream. Como não poderia deixar de ser – afinal, estamos a falar de Bream! –, logo ela se apaixonou pelo instrumento e decidiu estudá-lo disciplinada e profundamente. Assim é que ela acabou por ter aulas com grandes violonistas, como Eli Kassner, Narcisco Yepes, Alirio Diaz, o próprio Bream e até mesmo o grande Andrés Segóvia, o qual chegou a dizer de sua pupila: “predict that Liona will have a magnificent career” (em uma tradução livre: “prevejo que Liona terá uma carreira magnífica”). Certamente, existem aqueles que não concordam muito com as assertivas do assim chamado “Velho”. Contudo, penso que um comentário desses, provindo daquele que alçou o violão ao patamar de um instrumento respeitável é, ao mínimo, uma extrema honra e uma prova de competência.
No álbum que agora vos trago, Boyd executa um repertório variado e eclético, próprio de títulos que se querem “O melhor de”. Assim, ouvem-se interpretações que vão de Stanley Myers e sua famigerada “Cavatina” até composições interessantes e instigantes como “El Colibri” e “Lejania”. Compositores mais do que consagrados participam do desfile de graça e virtuosismo de Boyd, neste álbum: Alonso de Mudarra, Vivaldi, Bach, Satie, e muitos outros. É interessante notar que Liona a destreza da execução de Boyd, aliada a uma interpretação vigorosa e denotadora de uma aguçada percepção musical. Ademais, pode-se perceber a sólida formação da violonista em peças desafiadoras como a já citada “El Colibri”, “Recuerdos de la Alhambra” e “Astúrias”.
Trata-se, por suposto, de uma violonista que realmente mereceu o epíteto de “The First Lady of Guitar”. Afinal, ela demonstrou aos neófitos ouvintes a qualidade, grandiloqüência e sublimação da arte das seis cordas, fazendo com que o instrumento ganhasse notoriedade e, acima de tudo, fosse estudado e executado por milhares de pessoas ao redor do globo. Uma violonista de tamanha importância não poderia ficar anônima aos estudiosos e amantes dessa nobre arte que é o violão erudito.
Eis, pois, o link e o diclist:
1 Medley: Plaisir d'Amour/Cavatina
2 What Child Is This?
3 Malagueña
4 Campanas del Alba
5 Asturias
6 Saltarello
7 Fantasy
8 Preludium & Bourree
9 El Colibri
10 Spanish Romance
11 Jesu, Joy of Man's Desiring
12 Gymnopédie No. 1
13 Recuerdos de la Alhambra
14 Largo
15 Lejania
16 Cantarell
LIONA BOYD - THE BEST OF
Pois bem. Eis que vos trago uma violonista um tanto quanto intrigante e, na falta de melhor epíteto, absolutamente fascinante. Sim, como puderam perceber pelo catafórico artigo, trata-se de uma violonista. E seu nome é Liona Boyd. Certamente, os mais jovens não a conhecem ou sequer dela já ouviram falar. Pudera: Boyd nasceu ao começo da década de 50 do século passado. Teve seu auge em meados da década de 70 em diante. E tornou-se praticamente desconhecida, ao menos para boa parte dos novos violonistas brasileiros, na década de 90. E eis que pretendemos, hoje, modificar um pouco as coisas. Ao mínimo, tem-se a tenção de rememorar tal importante e emérita violonista. E eis, pois, que isso encetamos.
A história da família de Boyd pode ser familiar a diversos leitores, haja vista que a diversidade e multivocidade cultural de nosso país é incomensurável. Em verdade, os pais de Boyd provêm de diferentes porções da Espanha (aliás, a mãe de Liona é de Linares, cidade do preexcelente Segóvia) e ela acabou nascendo em Londres e mudando-se, ainda mui jovem, para o Canadá. Realmente, uma globalização e tanto! O fato é que quando contava catorze anos, Liona teve o privilégio e o desmesurado prazer de assistir a um recital do estupendo Julian Bream. Como não poderia deixar de ser – afinal, estamos a falar de Bream! –, logo ela se apaixonou pelo instrumento e decidiu estudá-lo disciplinada e profundamente. Assim é que ela acabou por ter aulas com grandes violonistas, como Eli Kassner, Narcisco Yepes, Alirio Diaz, o próprio Bream e até mesmo o grande Andrés Segóvia, o qual chegou a dizer de sua pupila: “predict that Liona will have a magnificent career” (em uma tradução livre: “prevejo que Liona terá uma carreira magnífica”). Certamente, existem aqueles que não concordam muito com as assertivas do assim chamado “Velho”. Contudo, penso que um comentário desses, provindo daquele que alçou o violão ao patamar de um instrumento respeitável é, ao mínimo, uma extrema honra e uma prova de competência.
No álbum que agora vos trago, Boyd executa um repertório variado e eclético, próprio de títulos que se querem “O melhor de”. Assim, ouvem-se interpretações que vão de Stanley Myers e sua famigerada “Cavatina” até composições interessantes e instigantes como “El Colibri” e “Lejania”. Compositores mais do que consagrados participam do desfile de graça e virtuosismo de Boyd, neste álbum: Alonso de Mudarra, Vivaldi, Bach, Satie, e muitos outros. É interessante notar que Liona a destreza da execução de Boyd, aliada a uma interpretação vigorosa e denotadora de uma aguçada percepção musical. Ademais, pode-se perceber a sólida formação da violonista em peças desafiadoras como a já citada “El Colibri”, “Recuerdos de la Alhambra” e “Astúrias”.
Trata-se, por suposto, de uma violonista que realmente mereceu o epíteto de “The First Lady of Guitar”. Afinal, ela demonstrou aos neófitos ouvintes a qualidade, grandiloqüência e sublimação da arte das seis cordas, fazendo com que o instrumento ganhasse notoriedade e, acima de tudo, fosse estudado e executado por milhares de pessoas ao redor do globo. Uma violonista de tamanha importância não poderia ficar anônima aos estudiosos e amantes dessa nobre arte que é o violão erudito.
Eis, pois, o link e o diclist:
1 Medley: Plaisir d'Amour/Cavatina
2 What Child Is This?
3 Malagueña
4 Campanas del Alba
5 Asturias
6 Saltarello
7 Fantasy
8 Preludium & Bourree
9 El Colibri
10 Spanish Romance
11 Jesu, Joy of Man's Desiring
12 Gymnopédie No. 1
13 Recuerdos de la Alhambra
14 Largo
15 Lejania
16 Cantarell
LIONA BOYD - THE BEST OF
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14 Comments:
Valeu, Helder, grande post!
A Liona é, sem dúvida, uma grande violonista. Merecia ser mais conhecida pelos estudantes de hoje.
Até há pouco tempo, considerava a gravação dela de Asturias a melhor disponível (só mudei de idéia quando ouvi a do mestre Russell). Não sei se é a mesma desse CD, ainda não terminei de baixar. Mas tenho certeza de que nele estão contidas interpretações muito boas.
Um abraço!
Não a conhecia, mas já virei seu fã. Muito bom mesmo. Adoro o concerto para 2 violinos e alaúde de Vivaldi, o movimento Largo na faixa 14 está simplesmente fantástico.
Valeu Helder!!! um abraço.
HELDER.. parabens !! excelente site!!, tal vez um dos melhores que achei para meu gosto. Adoro violao em todo tipo de musica e neste lugar achei coisas maravilhosas. As dicas para escolher cordas achei muito boas.
A traves de ti quero agradecer a todos aqueles que se dao o pesado trabalho de montar estes blogs e compartir com o resto de nos, musica e conhecimento e assim fugirmos dessa mediocridade da midia.
Um abraço e força
Benito
Muy logrado el blog. Gracias por compartir con todos esta preciosa música.
Javier
http://auladeguitarra.blogspot.com
Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Smartphone, I hope you enjoy. The address is http://smartphone-brasil.blogspot.com. A hug.
Simplesmente maravilhoso esse trabalho.... gostei muito que ela conseguiu colocar mais instrumentos na musica sem caracterizar ela
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Zer0_II
Por favor, não pare de postar.
Olá meu caro amigo, estou aqui para dizer que adorei ese álbum..., é divino...
Essa foi uma ótima postagem, valeu a pena fazer o download nessa minha fabulosa net discada... xD...
Peço que poste mais álbuns maravilhosos como esse...
Um grande abraço...
Sem dúvida uma grande violonista. Merecia uma qualidade melhor ..não em 128 kbps..:(
por gentileza não deixe de postar .. imploro-te é necessário .. um tanto de divindade nos dias aonde a alienação corroi as esperanças .. e a musica é a sabedoria .. é a luz para fuga do obscurantismo dos conceitos alienógenos ..
grato ..
Esta é sem dúvida uma ótima iniciativa. Uma oportunidade de "marinheiros de primeiras viagens" e apreciadores de música poderem conhecer uma categoria tão virtuosa!! Valeu!
ALém de linda, uma grande musicista.
Helder, não nos deixe de postar suas preciosidades. Obrigado!
Muito obrigado, realmente os jovens de hoje (como eu, 18 aninhos), não conhecem tal exímia violonista e compositora, mas graças ao senhor eu a descubri, e estudo pesado para conseguir executar Spirit of a West Wind, para mim a melhor dela, mais uma vez obrigado.
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