Antigoni Goni - John Duarte Guitar Music
Eis-me aqui, novamente – confesso que com desmesurada alacridade. De fato, todos os envolvidos com esse bom espaço virtual – principalmente esse que vos escreve – estavam dele sentido grande falta pela absoluta inópia que pairava por essas terras tecnicistas. Creio, ao menos, que expliquei os nada faustos motivos que me levaram a tal delongada ausência. Aproveito, pois, o ensejo para agradecer as mensagens que se me enviam. Por suposto, são elas – além de muitas outras – as “culpadas” pelo (espera-se veementemente) ininterrupto retorno. Mas deixemos de elegias passadas, e vamos as odes!
Recentemente, adquiri alguns bons títulos de nossa já conhecida série do selo Naxos. Aos mais desavisados, que ainda não puderam reparar, estou a disponibilizar alguns álbuns dessa coleção há algum tempo. Isso se dá, truisticamente, pela alta qualidade sonora dos discos, pela excelente seleção dos compositores e, primordialmente, em virtude da grandiloquência dos violonistas intérpretes. Tratam-se, portanto, de verdadeiras experiências estéticas no fluxo de obras interpretadas e na virtuosidade dos violonistas apresentados.
É o fortuito caso do presente álbum que vos trago. É interessante notar, nessa particular condição, que ambos compositor e violonista são, de fato, muitíssimo pouco apreciados pela crítica – além de verdadeiros ignotos para o carente público brasileiro. John Duarte, autor das peças interpretadas nesse álbum, foi um profícuo compositor hodierno. É consternador o fato de que muitos diletantes de nosso estimado instrumento desconhecem a obra de Duarte. A herança musical do autor chega as 200 obras – dentre as quais destaco a magnífica Sonatina. Ademais, em se tratando de um contemporâneo, (Duarte faleceu, salvo engano, em 2003) faz-se necessária a difusão de sua obra. Afinal, em tempos tão confusos e em nada munificentes para música clássica, torna-se imprescindível ao intérprete a densidade das composições de Duarte.
É precisamente aí que surge o nome de Antigoni Goni. Outorgava o desconhecimento quanto ao trabalho dessa violonista, até o contato com esse álbum. Bem, por suposto assertar que o desconhecimento era total pode ser, também, uma imprecisão. Nos ledos anos de academia, um saudoso e eminente professor havia resvalado, quase acidentalmente, no ortônimo de Goni. À época não me recordo em ter empreendido quaisquer audições dos trabalhos dessa violonista, mas eis que o dia chegou. Percebe-se, mesmo através de uma superficial análise das interpretações, que Goni conserva um invejável traquejo com as seis cordas, utilizando-se frases bem construídas, apoiada em sólida técnica, o que termina por revelar grande eloquência e verdadeira riqueza do som.
O quadro, aliás, não poderia ser diferente. Afinal, o que se poderia esperar de uma professora da Juilliard? Contudo, tal excelso grau de reconhecimento não foi inopinado. Antes, erigiu-se por meio de uma maturação musical que se encetou aos nove anos de idade. Antigoni Goni provêm de um ecossistema cultural que é (para utilizar um estólido eufemismo) planturosamente suntuoso. Tal violonista é Grega, estudou no famigerado Conservatório Nacional de Atenas (lembre-se de Elena Papandreou) e recebeu de tal conservatório o diploma de solista. Ulteriormente, mudou-se para Londres, onde teve aulas com o esplendecente Julian Bream e também com o grande músico John Mills. Um violonista que tenha estudado com qualquer um desses preexcelentes músicos é, sem dúvida, um estupendo instrumentista. Como se não bastasse, a orientadora do mestrado de Goni foi a também virtuosa Sharon Isbin. Desse modo, percebe-se que das entrelinhas das interpretações de Goni emana um profundo conhecimento musical, aliado a uma técnica invejável e precisão de toque.
Posto isso, o presente álbum é duplamente encantador. Primeiramente, por trazer as peças do preclaro John Duarte, especialmente sua Sonatina – uma verdadeira realização estética e musical. Secundariamente, o disco revela o trabalho de um dos ortônimos de maior qualidade e virtuosidade da atualidade. Assim, Goni transfigura todo o fecundo e belo macrocosmo de Duarte para o gracioso e fruitivo microcosmo de seu instrumento. O corolário dessa fusão é o presente álbum.
Disclist:
Suite piemontese, Op. 46
1. I. Pastorale
2. II. Canzone
3. III. La Danza
Toute en ronde, Op. 57
4. I. Ritual Dance
5. II. Waltz
6. III. Spring Dance
Musikones, Op. 107
7. I. Terpsichore I
8. II. Erato
9. III. Terpsichore II
10. IV. Euterpe
11. V. Terpsichore III
English Suite, Op. 31
12. I. Prelude
13. II. Folk - song
14. III. Round Dance
Variations on a Catalan Folk Song, Op. 25
15. Variations on a Catalan Folk Song, Op. 25
Birds, Op. 66
16. I. Swallows
17. II. The Swan
18. III. Sparrows
Homage to Antonio Lauro (Three Waltzes)
19. I. Moderato, con grazia
20. II. Andante espressivo
21. III. Rondo
Sonatinette, Op. 35
22. I. Con anima 00:01:35
23. II Con delicatezza 00:02:28
24. III. Vivo 00:02:19
ANTIGONI GONI – JOHN DUARTE GUITAR MUSIC.
Marcadores: Antigoni Goni, John Duarte
11 Comments:
poste links de albuns mais populares.
esqueça a preocupaçao de escrever sobre o album ou bajular algum musico. voce nao precisa pagar esse pau. fica chato sabe...
Helder,
Seus esclarecimentos sobre os albuns postados sao muito importantes, pois por nao ter grande conhecimento sobre os albuns postados posso me orientar antes de baixa-los.
Inclusive copio tambem os textos postados.
Aconselho a mesma humildade a outros visitantes do blog.
Abracos
Ontem ouvi de alguém, que eu muito amo e admiro, que ele fica contentíssimo com os comentários que lê. Ao me deparar com as primeiras frases desse texto, descobri que todo e qualquer comentário serve de incentivo para que o blog continue ativo. Vamos, pois, fazer nossa parte!
É revoltante pensar que muitos brasileiros não conhecem obras musicais tão belas! Músicas desse calão devem ser devidamente apreciadas. Peço-lhe que continue conversando virtualmente com aqueles que procuram seu blog, pois cada palavra escrita serve de esclarecimento. E por que não cobrir de vênias, ou até "puxar o saco" desses artistas? Quando se é merecido, todos os elogios do mundo são pouco para se descrever uma pessoa ou trabalho.
Ósculos!
anomino, se fica chato, pare de vir aqui, ora.
Grande Belo,
Estavamos sentindo muito a sua falta. Pode contar comigo como seu assiduo leitor. Bem vindo!
Elder! Hola amigo, te extrañamos! espero que todo esté bien.-
Gracias por este disco, tampoco conocía a John Duarte, me apena, es como hablar de las "Novas", ya se extinguió y su luz aún no me había llegado! Si no fuera por tí y tu desinteresada dedicación no lo conocería jamás ni sabría nada de él.- Dios te bendiga, Elder, y a tu familia también! Gracias.-
Para de ser idiota , cara. Fala direito, você usa palaras difíceis e no fim nao diz nada com nada.
afffff...um perfeito idiota.
O que responder a um ignoto, que de tão néscio sequer tem coragem ou maturidade intelectual para se revelar? Apenas a constatação de que os estultos, infelizmente, também fazem parte do mundo.
Mas não te apoquentes, infeliz e incauto parvo. Se não gostastes de nosso bom blog, que procure outras paragens virtuais, mais afeitas a teu (inexistente, diga-se) grau de instrução.
Helder: eu agradeço a você a dedicação, para difundir o violão erudito, como tambem a seriedade e inteletualidade com que aborda a literatura musical violinistica. Um abraço, Ivo Roberto Vincenzi
Inacreditável mesmo tanta estultícia entre alguns comentários que por aí se vê. Eu já os teria removido. Em relação a esta postagem: Os meus sinceros agradecimentos
Link foi expurgado.
Saúde
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