segunda-feira, abril 30, 2007

Fábio Zanon - Laureate Series


Quero crer que ainda não falamos tudo o que queríamos (e deveríamos!) sobre as belas e estonteantes violonistas de que temos notícia. Yang e Vidovic, por suposto, são arrebatadoras e absolutamente miríficas com os seus instrumentos em mãos. Contudo, variemos um pouco. Logo volto a falar de outras mulheres violonistas para os nobres amigos. Por hora, voltemos para a nossa “terra de palmeiras, onde canta o sabiá”.

Como todos bem sabemos, o Brasil é casa de grandes músicos, que conservam uma incomensurável importância para a cultura de nosso país e para a música universal (basta lembrarmos de Jobim, Vinícius, Dilermando, entre inúmeros outros). Desta vez, porém, não trarei Dilermando Reis. Tampouco Turíbio Santos. E se enganam aqueles que pensam que será, pois, algum bom Duo. Oras, mas escusado é vos dizer isso, não? Afinal, o título da postagem não mente: Fábio Zanon. Esse é, sem sombra alguma de dúvida, um dos mais bem preparados e um dos maiores violonistas da atualidade. Dizer que Zanon é, no seu gênero, um dos grandes violonistas que atualmente nos brindam com suas estupendas execuções, impõe que se demonstre em que sentido o é. Pois digo que isso é, ao mesmo tempo, algo extremamente fácil como praticamente impossível de se fazer. E isso se deve, por suposto, ao fato de que Zanon conserva pouquíssimas faltas e desmesurados bons apanágios.

Há algum tempo – se não me engano, no ano de 2005 – Zanon mostrou ao mundo a sua exuberante e invejável técnica, o seu virtuoso e estupendo toque e toda a sua preexcelência musical: venceu dois grandes concursos internacionais, o GFA e o Tárrega, com apenas algumas semanas de diferença de um para o outro. Somente tal fato já denotaria o grande violonista de que estamos a falar. Mas, em se tratando de Zanon, tudo é ainda muito pouco.

O egrégio violonista é um dos melhores intérpretes de que já se teve notícia e é uma das figuras dominantes no cenário internacional de violão clássico. Como solista ou camerista, tem se apresentado por toda a Europa, América do Norte e do Sul, Austrália e Oriente Médio, e é convidado regular de teatros como o Royal Festival Hall e Wigmore Hall em Londres, Carnegie Recital Hall em Nova York, Sala Verdi em Milão, Musikhalle em Hamburgo, Ateneo em Madri, KKR em Lucerna e todos os maiores teatros do Brasil.

Levo-me a crer que a nossa língua ainda não criou um epíteto que possa traduzir, precisamente, toda a magnífica e esplendecente existência de Fábio Zanon. Por suposto, irão ver isso ao ouvir o álbum que aqui vos deixo. Em verdade, há alguns dias (re)encontrei alguns álbuns que possuo do bom selo “Naxos”, que remeta à uma série de solistas: a “Laureate Series”. Como bem sabem, o álbum que postei de Vidovic é dessa mesma série. E, indubitavelmente, gostaram deveras daquele. Mas digo que irão gostar ainda mais deste.

Antes de deixar aqui o disclist desse maravilhoso álbum, gostaria de atentar para os meus queridos e amados leitores que o insigne Zanon ainda possuí uma outra grande e excelsa qualidade: é altruísta! Sim, de fato! Oras, pelo que então não sabem? Então desconhecem? Ahnn... acho que não lhes irei dizer, pois. Hehe. O fato, meus queridos, é que o bom violonista produz um excelente e utilíssimo programa de rádio em que desfila a sua sagacidade musical e o seu apurado senso crítico sobre diversos violonistas. Certamente, muitos de vocês devem conhecer tal bom programa, que se chama “A Arte do Violão”. Não obstante, alguns de você podem não conhecer. Em todo caso, vos deixo aqui o link para que possam realizar os downloads de tal excelente programa: FÁBIO ZANON – A ARTE DO VIOLÃO.

Além desse sublime programa, podem encontrar (e, quem sabe, até com ele trocar algumas palavras) o notável violonista em um fórum de discussão sobre o nosso estimado instrumento. O fórum, por si só, já é um lugar admirável, pois, lá se amalgamam grandes violonistas, luthiers e amantes desse instrumento. Enfim, o link para tal “paraíso terreal” está na seção de links de nosso blog, sob o epíteto de “Fórum de Violão”.

Pois bem, eis aqui o disclist:
FRANCISCO TARREGA
Prelude in A major
01. Prelude in A major 00:19
02. Estudio Brillante 02:38
03. Mazurka in G major 02:13
04. Mazurka in C major 01:53
05. Endecha 01:04
06. Prelude in D major 01:17
07. Oremus 01:23
08. Maria 01:32
09. Prelude in E major 02:08

JOHANN SEBASTIAN BACH
Sonata in A minor, BWV 1003 (trans. F. Zanon)
10. Grave
11. Fuga
12. Andante
13. Allegro 06:06

ALEXANDRE DE FARIA
14. Prelude for Guitar: Eyes of a Recollection

JOHANN KASPAR MERTZ
Opern-Revue Op. 8, No. 2: Lucia di Lammermoor (after Donizetti)
15. Opern-Revue Op. 8. No. 2: Lucia di Lammermoor

MANUEL MARIA PONCE
16. Theme Varie et Finale

FÁBIO ZANON – NAXOS LAUREATE SERIES
PARTE I, PARTE II, PARTE III & PARTE IV.
Eis aqui a faixa que estava com problemas: FAIXA 10.

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quinta-feira, abril 26, 2007

Xuefei Yang - Romance de Amor


Bom. Já que as mulheres são dignas das maiores vênias, e já que andamos a cultuar algumas delas, eis que as reverenciamos novamente. Em verdade, idolatraremos, além da bela criatura, a sua mirífica criação.

Como bem sabem, Xuefei Yang é uma violonista primorosa e absolutamente talentosa. Tal qual Vidovic, ainda infante venceu inúmeras competições internacionais. Isso, por suposto, fez avultar a figura da bela e virtuosa chinesa. Há uma história interessante sobre Yang que, alerto logo aos nobres leitores, não afirmo ser verdadeira. Contudo, é algo curioso: dizem que, há alguns anos atrás, Yang viajou para São Francisco para gravar um álbum e sua antiga gravadora. E por essa cidade, coincidentemente, estava outro violonista, praticamente “desconhecido”: John Williams. Pois que o fabuloso Williams foi ver Yang tocar e ficou, como era de se esperar, deveras impressionado com o talento da garota. E o que ele fez? Oras, imaginem só: do alto de sua altruística e filantrópica existência, Williams presenteou a emérita Yang com um de seus instrumentos. Sim! Presenteou-a com um violão. Bem. Concordo que a história parece um tanto quanto fantasiosa (ainda mais se formos pensar nos violões que Williams possui: Hauser, Mathias Damman, entre outras raridades) e burlesca. Mas, não entrando no mérito da veracidade da história: não é algo incrível somente o fato de Williams estar a observar a execução de Yang?

Pois bem. Esse álbum que hoje lhes trago é, na falta de outro epíteto, bastante eclético. E ele o é devido a grande variedade de peças que a obra traz. Variedade no sentido de que elas provêm de diferentes estilos ou gêneros, como queiram. Os puristas podem (e invariavelmente, vão) criticar o álbum, afirmando que ele traz um repertório que não condiz com um concertista clássico. Oras! E desde quando um concertista deve ater-se, tão e somente, a peças do repertório tradicional? Obviamente, há que se ter um certo “bom-senso”, e montar uma seleção de peças que tenha uma coerência com a proposta. E é exatamente o que ocorre neste álbum: ao lado de peças famigeradíssimas do repertório violonístico, como a homônima ao título do álbum ou Astúrias e Recuerdos de la Alhambra; figuram peças pouco usuais (mas nem por isso, indignas de aí estarem presentes) como: o tema do filme “Lista de Schindler”, transcrito por Williams, ou algumas peças populares chinesas, ou, ainda, o tema “Michelle” da preexcelente e saudosa banda The Beatles.

Aliado a essa interessante lista de músicas, está um fato importante em toda e qualquer gravação: a qualidade. Não a qualidade musical, da intérprete. Isso nem caberia questionarmos aqui, pois sabemos que Xuefei Yang conserva um desmesurado grau de qualidade técnica e musical. Refiro-me, isso sim, à qualidade da gravação do álbum. Poucas vezes vemos álbuns tão bem acabados. Além de ser uma competente musicista é essa violonista uma pessoa perfeccionista: afinal, certamente escolheu uma excelente equipe para com ela trabalhar.

Enfim. É interessante atentar, ainda, para a execução calorosamente expressiva de algumas peças, bem como a destreza e agilidade da violonista – que em certos momentos deixam-nos boquiabertos com a precisão, como em El Colibri. Ouçam com atenção, também, a peça “Zapateado” de Rodrigo, onde Yang varia o toque com uma velocidade fantasticamente célere e com uma precisão igualmente impressionante.

Eis aqui o dislist:
1. Asturias (Isaac Albeniz)
2. Romance De Amor (Antonio Ruvira [?] - Tradiotional)
3. Recuerdos de la Alhambra (Francisco Eixea Tárrega)
4. Zapateado (Rodrigo)
5. Michelle (John Lennon/Paul McCartney)
6. Cavatina (Stanley Myers)
7. I Believe (Kim Hyung-suk)
8. Schindler's List (John Williams)
9. El Colibri (Julios Sagreeras)
10. El Condo Pasa (Jorge Michberg/Daniel Aloma Robles)
11. Seis por de recho (Anthonio Lauro)
12. Sueno un la Floresta (Agustin Barrios Mangore)
13. Etude No. 7 (Heitor Villa-Lobos)
14. La Cumparsita (Gerardo Hernan Matos Rodriguez)
15. Sakura (Traditional)
16. Summer (Traditional)
17. Anak (Ferdinand P Freddie Aguilar)

XUEFEI YANG - ROMANCE DE AMOR - PARTE I & PARTE II.
Eis aqui a faixa três do bom álbum para os que com ela problemas tiveram: FAIXA 3.
Post Scriptum: Esse álbum foi uma contribuição do estimado Fábio Camargo. Visitem o blog dele para outros bons álbuns: http://maisumadofalsario.blogspot.com/ . Obigado Fábio!

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domingo, abril 22, 2007

Ana Vidovic - Guitar Recital


Primeiramente, gostaria de me desculpar com os nobres leitores de nosso blog. Contraí alguns problemas que me furtaram algumas horas de lazer e, por tal razão, não pude dar-vos o ar da graça por esse nosso estimado espaço virtual. Em especial, devo pedir perdão para uma pessoa, pela demasiada ausência e profunda incúria de minha parte. Saiba que não foi algo proposital e tampouco eu quis que as coisas dessa forma caminhassem. Indulte-me!

Pois bem. Todos conhecemos o esplendor e a maravilhosidade do gênero feminino de nossa espécie. Pois sim, caros leitores, elas são esplêndidas, brilhantes, doces, singelas, meigas, sinceras, fabulosas, sensíveis, enfim, não existe, em nosso idioma, palavra capaz de exprimir toda a dadivosidade pródiga e a magnificência desmesurada das mulheres (principalmente de uma em especial, não é senhorita Laeticia?). Assim é que, com toda essa suntuosidade existencial, as mulheres são capazes dos maiores prodígios. E quando uma delas - haja vista que descendem dos mais virtuosos numes, por suposto – há fazer algo belo, nossas sensações todas agradecem. Provas? Oras, meus amigos, e, pois que não se lembram, então, de Catarina, Elisabeth, Hannah Arendt, Maria Stuart, Safo, Lispector e tantas outras? O que intento dizer é que, quando fazem algo que por si só já é fabuloso (seja literatura, filosofia ou música), as mulheres aliam à sua incomensurável beleza a sua desmesurada competência. E disso resulta, como bem sabemos, a definição para o vocábulo “perfeição”.

Bem, meus amados leitores. Devem estar a achar que este escritor tornou-se um desatinado. Creio que certos podem estar. Contudo, o que disse acima é mais do que verdadeiro, e hão de concordar comigo quando escutarem o álbum que aqui vos trago. Conheço inúmeros bons violonistas. Já tive o prazer de escutá-los aos mais variados gostos e circunstâncias. Entretanto, o que observei, empiricamente, foi que, quando meus olhos (e principalmente, meus ouvidos) se deparavam com umA violonistA, eles atingiam o seu estado de êxtase. A conclusão a que cheguei, meus queridos amigos, foi que, quando as mulheres fazem alguma coisa competentemente, não há neste planeta quem faça melhor. O grau de perfeição, a qualidade sonora, a singeleza aliada à precisão, a maciez e a delicadeza do toque, enfim, tudo o quanto puderem imaginar, está presente em uma violonista. Por suposto, devem existir exceções. Não obstante, esse que vos escreve desconhece todas. Oras, senão vejamos: Xuefei Yang, Lie Jie, Sharon Isbin, Badi Assad, Ida Presti, Angela Muner, Sandra Carbone, Monina Távora, Ioana Gandrabur Lae Maris, e tantas outras que aqui não caberiam parecem apenas ratificar minha opinião.

E claro, não poderia deixar de figurar na lista acima a grande Ana Vidovic. Essa croata é conhecida dos amantes do violão erudito por ter, ainda infante, vencido inúmeros concursos internacionais, mostrando, ainda jovem, a futura e promissora carreira. Muitos criticam a sua preexcelência técnica, afirmando que a primorosa violonista deixa um pouco de lado o quesito da interpretação. Bem. Eu diria que tudo não passa de uma questão de apreço. Não se poderá dizer que a suíte de Bach, executada por ela neste álbum, é “mal interpretada”. Certamente, uma ou outra interpretação agradará mais aos nossos ouvidos. Contudo, não poderemos dizer que determinada interpretação está “errada” ou que ela é “menor”, “menos digna” que outra. Existem raríssimas exceções, por suposto. Basta voltar nossos olhos, ou melhor, nossos ouvidos para alguns “violonistas” brasileiros da atualidade. Enfim. Como não estou falando de lixo musical, fiquemos com a virtuosa Ana Vidovic. O único ‘porém’ nas interpretações de Vidovic que, ao meu ver, seja digno de conversa, seria a grande velocidade (por vezes “desnecessária”) que a encantadora violonista imprime em algumas de suas execuções. Creio que se deva não a uma imprecisão quanto a fraseado ou ao tempo de determinadas composições, mas sim uma idiossincrasia dela: talvez ela goste de dar um andamento mais rápido às interpretações.

Sabem. Recentemente reencontrei alguns álbuns da famigerada e excepcional série “Laureate Series” da Naxos. Entre outros bons violonistas, me deparei com este álbum de Vidovic. Foi um dos primeiros álbuns que adquiri. E o que mais me chamou a atenção nele, foi que, em seu frontispício vem a seguinte inscrição: "Ana Vidovic - First Prize winner of the Tarrega competition in 1998”. Puxa vida! Essa competição é altamente acirrada, e nela avultam os mais preparados e virtuosos violonistas de que se pode ter notícia. Mas o mais impressionante era que a moça que figurava na capa aparentava ser ainda muito jovem. Não apenas aparentava: era, realmente, uma adolescente. Creio que a persistência nos estudos, o bom alicerce teórico que se tem ainda em tenra idade, nos provê, posteriormente, uma qualidade e um refinamento notáveis, como no caso dessa requintada musicista.

Bem. Deixemos, então, de conversa e escutemos logo de uma vez o álbum de Vidovic. Garanto que irão gostar. E poderão, assim, meus diletos amigos, criar a opinião de vocês quanto às execuções dessa encantadora violonista.
Eis o disclist do álbum:

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Partita for lute in E major, BWV 1006a
(transcribed by Walter Despalj)
01. Prelude
02. Loure
03. Gavotte en Rondea
04. Menuett I And Menuett II
05. Bourree
06. Gigue

Manuel Ponce (1882-1948)
Sonata Romantica (Homage to F. Schubert)
07. I. Allegro Moderato
08. II. Andante Espressivo
09. III. Allegretto Vivo
10. IV. Allegro Non Troppo E Serioso

Francisco Tarrega (1852-1909)
11. Danza Mora for guitar
12. Capricho arabe, for guitar
13. Vals for guitar in D major

Stjepan Sulek (1914-1986)
The Troubadours Three, for guitar
14. Melancholy
15. Sonnet
16. Celebration

William Walton (1902-1983)
Five Bagatelles for guitar
17. I. Allegro
18. II. Lento
19. III. Alla Cubana
20. IV. Sempre Espressivo
21. V. Con Slancio
ANA VIDOVIC - GUITAR RECILTAL - PARTE I & PARTE II.

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domingo, abril 08, 2007

John Williams - Guitar Recital - Paganini, Scarlatti, Giuliani e Villa Lobos


Páscoa. Sim, meus caríssimos e mais do que estimados leitores: é manhã de páscoa. Para os que acreditam em coelhinho, dia de ganhar muitos ovos, dos mais variados tamanhos e sabores. Para os cristãos, manhã de fé e alegria. Para todos os outros mortais que não se encaixam nas descrições anafóricas, é essa manhã, também, mui especial e álecre. Talvez não pela razão dos ovos, tampouco pela fé, mas sim pelo simples fato de que, hoje, de um modo geral, vemos incontáveis famílias reunidas. Assim é que vos desejo, meus diletos amigos, uma páscoa repleta de sublimes e benfazejos acontecimentos; que nesse dia, em cada suspiro, em cada milésimo de segundo possam encontrar dentro de seus corações a magnitude de sua existência, a sublimação de sua vida. E ... oras! Desejo, também, que ganhem muitos ovos, hehe.

Bom. Digo que, para nós, violonistas, essa é, também, uma manhã especial. Truisticamente, nenhum grande violonista ressuscitou e tampouco algum se transformou em coelhinho da páscoa e veio nos presentear com instrumentos maravilhosos, hehehe. O que acontece é que, hoje, aproveitando-se o ensejo da reunião familiar, ou, então, se não houver alguma, uma reunião fraterna que seja; podemos prover aos ouvidos alheios músicas belas e radiantes. Músicas brilhantes e estonteantes. Músicas, enfim, que dêem alguma esperança, que acalentem corações já descridos e consternados. Sim, meus amados leitores, músicas como o “Romance” da “Grande Sonata em Lá Maior”, de Paganini (procurem escutar, também, o álbum que disponibilizei aqui no blog de Eduardo Abreu, a interpretar Paganini e Sor, para ouvirem uma outra versão dessa mesma peça). E para que os nossos ouvidos possam crescer e se desenvolver ouvindo tais magnitudes, eis que aparece o (na falta de melhor epíteto, ou por falta dele em nosso léxico, ou por desconhecimento desse que vos escreve) mirífico e primoroso John Williams.

John Williams. Alguns amigos meus de muitos invernos (bem, é essa a estação que mais comigo se assemelha, e não a primavera) gostam de alcunhar Williams como: “O maior violonista do mundo”. Tome-se maior, aí, por mais preparado, elevado, insigne, enfim. Não que eu concorde (e muito menos discorde) de tal opinião. Mas não há como não ver os fatos: Williams é magnífico. É encantador. Possui um toque preciso, sereno (enfatizado pela suas expressões enquanto toca) e delicado. Ao mesmo tempo, consegue impor vigor à música, demonstrar, a despeito da época em que a música foi composta, todo o seu colorido e a sua dinâmica. Isso revela, sem sombra de dúvida, um músico maduro, sagaz e mui bem alicerçado.

Se duvidarem de minhas palavras, meus queridos leitores, verifiquem, por vocês mesmo, o que estou a dizer: ouçam faixas como a 02 ou a 03 ou, ainda, a 05 ou... bom, ouçam logo o álbum todo. Verão a lenidade do toque desse violonista, o solene repertório que ele traz nesse recital, enfim, verificarão que, se Williams não é um dos grandes violonistas que existem no globo, é um forte candidato a receber tal título. Afinal, somente por trazer para um recital um repertório tão variado e acertado como esse (haja vista que vemos Scarlatti ao lado de Villa Lobos), ele já mereceria nossa ovação suprema. Creio, também, que se trate de uma certa ilécebra desse nobre violonista. Mas, que seja: afinal, para difundir essa magnífica arte, há que se seduzir o ouvinte. E Williams sabe fazer isso como ninguém.

Bom. Para finalizar, atentem para a maravilhosa capa do álbum: vemos, ali, uma bela pintura de Johann Wilhelm Schirmer. Tal foi um pintor alemão que viveu no começo do século XIX. Conheci esse pintor, há alguns anos, justamente com o frontispício desse álbum. Como eram bons aqueles tempos: tanto as capas, quanto o conteúdo dos álbuns, traziam obras de arte. Enfim.

Eis o disclist:

01 Paganini Capriccio, Op. 1 No. 24 - Tema Quasi presto
02 Paganini Grand Sonata in A major - I Allegro risoluto
03 Paganini II Romanze
04 Paganini III Andantino variato
05 Scarlatti, D. Sonate i E-dur, K 380_ I Andante commodo
06 Scarlatti, D. Sonate i A-dur, K 208_ Andante e cantabile
07 Scarlatti, D. Sonate i A-moll, K 175_ Allegro
08 Scarlatti, D. Sonate i A-dur, K 322_ Allegro
09 Scarlatti, D. Sonate i D-moll, K 213_ Andante
10 Scarlatti, D. Sonate i D-dur, K 159_ Allegro
11 Villa-Lobos Prélude no 1
12 Villa-Lobos Prélude no 2
13 Villa-Lobos Prélude no 3
14 Villa-Lobos Prélude no 4
15 Villa-Lobos Prélude no 5
16 Guliani Variations on a theme by Handel nop 107
JOHN WILLIAMS - GUITAR RECITAL - PAGANINI, SCARLATI, GIULIANI E VILLA LOBOS.
Um bom amigo e visitante de nosso blog disse-me que a segunda faixa desse bom álbum está com problemas. Se alguém mais também teve tal problema, ei-la aqui: FAIXA 02.

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terça-feira, abril 03, 2007

David Russell - Francisco Tárrega Integral de Guitarra


Pois eis que começamos mais um mês no corrente ano. Lá se foram quatro meses. Não sei quanto aos nobres leitores, mas tenho a estranha sensação de que, ontem mesmo, estava a comemorar o natal. Há algumas horas, pareciam estar ainda estourando as alegrias brilhosas no céu, brindando a chegada de mais um velho-novo ano. Pois é. Nostálgico, eu? Imaginem. É apenas uma impressão. Uma leve, singela e quase imperceptível sensação de que o tempo, em verdade, não passa. Quem passa somos nós.
Mas não se enganem os olhos menos preparados que, com tal acabrunhado discurso, quero eu estabelecer alguma relação com o nobre e excelso violonista que é o grande David Russell. De forma alguma. Apenas digo que, ao escutarmos certas músicas, sejam elas clássicas ou não, tendemos a nos deixar levar por suas "palavras", por sua magia, enfim, por seu intrínseco sentimentalismo. Dessa forma, jamais veremos alguém que esteja triste, a escutar algo como “Sueño” ou “Capricho Árabe”, de Tárrega. Ou então, alguém que esteja consternado a ouvir “Johnny B Good” de Chuck Berry.
O caso, meus queridos e mais do que estimados leitores, é que quero que quero lhes dizer o quão nostálgico fico ao ouvir tão bons violonistas quanto Russell a executar peças tão belas quanto as de Tárrega. Por que, perguntariam os mais apressados. Pelo fato de que, atualmente, vê-se uma completa falta de sentido e informação no mercado fonográfico. Assim, vislumbra-se a ascensão de “violonistas” que nada têm a acrescentar aos ouvidos alheios em detrimento de outros que teriam muito mais do que a sua simples a aparência a mostrar. Não critico tais violonistas. Afinal, todos temos de pagar nossas contas. O que me deixa consternado e me faz voltar os olhos (ou melhor, os ouvidos) para tempos já idos, é a profunda falta de vontade de nossos novos estudantes. Bem sei que os leitores desse blog, bem como os freqüentadores de fóruns e comunidades que pela Internet existem, não fazem jus a essa minha contristação. Mas que fique registrado: a nostalgia desse que vos escreve deve-se antes a falta de interesse dos ouvintes do que a abundância de bons violonistas que por aí existem.
Mas deixemos minhas insípidas linhas de lado e nos atenhamos à magnificência desse álbum. Como bem puderam apreender, o álbum traz o nosso bom e velho conhecido David Russell a interpretar a obra completa do absolutamente primoroso Francisco Tárrega. Pelo simples fato do título do álbum, creio, já valeria muito à pena a sua audição. Mas a imprescindibilidade de sua audição transcende tal fato. O que vemos em tal álbum, é o profundo amadurecimento musical que um instrumentista pode conservar. É o grande senso de musicalidade aliado a uma sagacidade ímpar, que somente proeminentes músicos pensam em ter. É, enfim, uma profusa demonstração de quão bom um violonista pode sonhar em ser. O grande Colin Cooper, da bela revista Classical guitar, está certo ao afirmar: “Russell lavishes his battery of skills on every innocuous phrase, every mundane harmonic progression, as if his life as well as Tarrega's reputation depended on it.” Pena que a minha queridíssima e amada Lae por aqui não está, mas, em uma tradução infeliz e despreparada: “Russell esbanja sua bateria de habilidades em toda frase inócua, toda progressão harmônica mundana, como se a vida dele e reputação de Tarrega dependessem disso”. Pois é. Receber um elogio desses, provindo de tão altiva cabeça, ao meu ver, somente pode ser merecimento mesmo, hehe.

Mas sim. Desfilar toda a grande produção do pródigo músico que foi Tárrega, não é uma tarefa fácil. Afinal, a maioria de nós levou um grande tempo apenas para executar algumas músicas desse grande mestre. Imaginem, pois, gravar a obra completa. Como diria um ex-professor meu: “A arte das seis cordas pode se considerada um binômio: de um lado, existem você, eu, e todos os outros violonistas do mundo; do outro, existem de Segóvia à Sor, de Tárrega à Carlevaro”. Pois é, era um professor um tanto quanto extremista, mas vejam que ele está incontestavelmente correto: quando, em nossas boas e preciosas vidas, pensamos em gravar a obra completa de Tárrega? Ou a de Barrios? Ou a de Bach? Pois é, creio não estarmos do lado divino do binômio, haha.
Pilhérias à parte, e achando que já me alonguei demasiadamente em tal conversa com os diletos amigos, eis que falo um pouco mais sobre o álbum e lhes entrego, logo, os links. Pois eis aí o dilema dos dilemas: falar mais o quê sobre um álbum que é, precipuamente, inarrável? Já sei! Digo-vos, meus amados leitores, que faz parte das músicas desse álbum, como não poderia deixar de ser, já que se trata da obra completa de Tárrega; a magnífica e esplendorosa Gran Jota. A existência de tão belas variações já é, por si só, algo notável. A execução dessa sublime peça, por alguém como Russell, é que é algo fantástico.

Sem mais delongas, eis o disclist:

David Russell – Tárrega Integral de Guitarra

CD1

1. Maria
2. Pavana

3. Gran Vals

4. El Columpio

5. Vals

6. Danza Mora

7. Danza Odalisca

8. Pepita, polka

9. Rosita, polka

10. Sueño, mazurka

11. Marieta, mazurka

12. Mazurka,in G major

13. Adelita, mazurka

14. Las dos hermanitas, vals

15. Minueto

16. Paquito, waltz in C major

17. Isabel, vals for guitar

18. Sueño, trémolo

19. Fantasia on Themes From Verdi's "La Traviata"

20. Fantasy on Themes from Arrita's Marina

21. Carnival of Venice


CD2

1. Capricho árabe

2. Recuerdos de la Alhambra

3. Alborada

4. Tango

5. Prelude No. 1 in E major

6. Prelude No. 2 in A major

7. Prelude No. 3 in A minor

8. Prelude No. 4 in B minor

9. Prelude No. 5 in G major

10. Prelude No. 6 in D minor

11. Prelude No. 7 in G major

12. Prelude No. 8 in A minor "Lágrima"

13. Prelude No. 9 in D minor "Endecha"

14. Prelude No. 10 in D minor "Oremus"

15. Prelude No. 11 in D major

16. Prelude No. 12 in D major

17. Prelude No. 13 in E major

18. Prelude No. 14 in A minor

19. Prelude No. 15 in A minor

20. Prelude No. 16 in E major

21. Etude No. 1, En forma de minuetto

22. Etude No. 2, De Velocidad

23. Etude No. 3 in G major

24. Etude No. 4 in B minor

25. Etude No. 5 in A major

26. Etude No. 6 in A major

27. Etude No. 7 in A major

28. Etude No. 8 in A minor

29. Etude No. 9 in E major

30. Etude No. 10, Petit Menuet

31. Etude No. 11 in D major

32. Etude No. 12 in C major

33. Etude No. 13 in A major

34. Etude No. 14, La Mariposa

35. Etude No. 15, Sobre un tema de Wagner

36. Etude No. 16, Inspirado en J. B. Cramer

37. Etude No. 17, Sobre un tema de Mendelssohn

38. Etude No. 18 in A major

39. Etude No. 19 in E minor

40. Etude No. 20, Estudio brillante de Alard

41. Gran jota


DAVID RUSSELL - TÁRREGA INTEGRAL DE GUITARRA:

DISCO I: Parte 1 & Parte 2

DISCO II: Parte 1 & Parte 2


Ps: Há algum tempo eu postei a obra completa de Tárrega em PDF. Ei-la aqui.

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